Powered by Conduit

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Tradição

  1. Vivemos em tempos pós-modernos onde a realidade é marcada pela fragmentação do saber, pelo pensamento débil, subjetivismo, relativismo e fundamentalismo. Nessa fragmentação surge uma mescla de pensamentos e valores que mesmo aparentemente opostos se unem numa nova forma de organização. As instituições e a autoridade estão em crise juntamente com os valores que foram cristalizados no passado. Assim, nesse contexto temos também o surgimento de movimentos tradicionalistas. No seio da Igreja Católica Apostólica Romana isso também é verificável. Estes parecem cultivar uma forma de “Tradição” estática, fixa, rígida e ligada, sobretudo, a pensamentos e práticas medievais.
  2. O conceito de Tradição não é unívoco o que traz muitas dificuldades e dificultou a sua compreensão ao longo da história. Assim a tentativa de definição se faz necessário antes de procurarmos analisar as conseqüências. O avanço na compreensão da noção de Tradição pelo Concílio Vaticano II é de fundamental importância para uma sã compreensão da Tradição como parte integrante da Revelação e não como um apêndice desnecessário a fé cristã.
  3. O conceito de Tradição é importante para a auto-compreensão da Igreja, para o diálogo ecumênico e para a ação pastoral da Igreja. A Tradição faz parte mesma da natureza de uma religião e esse fato ganha importância maior quando se refere ao cristianismo e, sobretudo, ao catolicismo, uma vez que a valorização da Tradição é um dos elementos distintivos do Catolicismo frente ao protestantismo.
  4. No início do século XX surgiram na Europa movimentos que procuraram voltar às fontes da Igreja, motivados por estudos sobre liturgia, santos Padres, descoberta de novos manuscritos bíblicos, utilização de novos métodos de interpretação bíblica. Esses elementos influenciaram o pensamento do Segundo Concílio Vaticano (1962-1965). No que tange ao conceito de Tradição este concilio deu-nos uma definição da natureza, do objeto e da importância (Latourelle, 1972). Passa-se a conceber a tradição como viva, em movimento e não como algo estático. A Tradição é dinâmica.
Paulo Giovanni Pereira
paulusiohannes@gmail.com

0 comentários:

Postar um comentário